terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Dificuldades de Aprendizagem / Dislexia

"As crianças (...) com dificuldades de aprendizagem lutam pela aceitação e compreensão da sua problemática devido à falta de visibilidade da sua discapacidade “.
Jane Browning, Directora da Associação Americana de Dificuldades de Aprendizagem(s/d)

Dificuldades de Aprendizagem Específicas
  • Lesão Cerebral
  • Disfunção Cerebral Mínima (anos 60)
         “educacionalmente desfavorecidos”
         “desordens de linguagem”
         “desvantagens percetivas”
  • Dificuldades de Aprendizagem (Kirby, 1963)

Conceito  de Dificuldades de Aprendizagem (DA)

Dificuldades de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogéneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio, ou habilidades matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao indivíduo, presumivelmente devem-se à disfunção do sistema nervoso central e podem ocorrer ao longo da vida. (...)”
                                                                                                                     (NJCLD,1994, cit. in Cruz, 1999:59)
Dificuldades de Aprendizagem Específicas
“As Dificuldade de Aprendizagem Específicas (DAE) dizem respeito à forma como um índividuo processa a informação – a recebe, a integra, a retém, e a exprime -, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações.
As DAE podem assim manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou resolução de problemas;
Envolvendo défices que implicam problemas de memória, percetivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos.
Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem ainda, alterar o modo como o individuo interage com o meio envolvente”
                                                                                           (Correia, 2005, cit in Correia 2008:47)
Dificuldades Específicas de Aprendizagem
“DA não têm uma única etiologia, ela é multifactorial”
(Casas, 1994; Kirk, Gallagher & Anastasiow, 1994, e Martim, 1994, cit. in Cruz,1999).
1.Teorias baseadas num enfoque neuropsicológico-  relacão com disfunção ou lesões do sistema nervoso central, os determinantes genéticos, os factores bioquímicos e os factores endócrinos .

2.Teorias percetivo - motoras- prendem-se com uma série de deficiências do tipo motor e percetivo, baseando-se no pressuposto que o desenvolvimento motor e percetivo antecedente  prévio para o desenvolvimento concetual e cognitivo

3.Teorias psicolinguisticas e cognitivas- são devidas a deficiência nas funções de processameto psicologico estão relacionados com as condições em que se processa o ensino, e a incorrecta planificação do processo de ensino/aprendizagem.

Categorias das DAE
1.Auditivo-linguística - Problema de perceção que, leva o aluno a ter dificuldade na execução ou compreensão das instruções que lhe são dadas.
2.Visuo-espacial - Inabilidade para compreender a cor, para diferenciar estímulos essenciais de secundários (problemas de figura-fundo) e para visualizar orientações no espaço.
3.Motora - Problemas ligados à área motora, de coordenação global ou fina, ou mesmo de ambas, visíveis quer em casa, quer na escola.
4.Organizacional - Dificuldades quanto à localização do princípio, meio e fim de uma tarefa. O aluno tem ainda dificuldade em resumir e organizar informação.
5.Académica - Esta categoria é uma das mais comuns no seio das DA. Os alunos tanto podem apresentar problemas na área da matemática, como serem dotados nesta mesma área e terem problemas severos na área da leitura ou da escrita, ou em ambas.
6.Socioemocional - Dificuldade em cumprir regras sociais, e em interpretar expressões faciais. 

Consequências das DAE

  • Ansiedade e insegurança; 
  • Baixo auto-conceito e auto-estima; 
  • Exaustão com as tarefas escolares; 
  • Aparecimento de perturbações psicossomáticas e depressões; 
  • Comportamentos agressivos; 
  • Grande desinteresse pelo estudo; 
  • Falta de motivação e curiosidade; 
  • Escolha de percursos escolares menos exigentes;
  • Maior probabilidade de abandono escolar.



Dificuldades Específicas de Aprendizagem
Uma criança/aluno com DAE caracteriza-se por:
1.Manifestar uma discrepância significativa entre o seu potencial intelectual estimado e o seu nível de realização escolar;
2. Apresentar desordens básicas no processo de aprendizagem;
3.Não exibir sinais de debilidade mental, perturbações emocionais ou privação sensorial;
4. Evidenciar dificuldades percetivas, disparidades em vários aspectos de comportamento e problemas no processamento da informação;
5.Apresentar ou não uma disfunção no sistema nervoso central
6.Pode revelar um baixo desempenho em três áreas;leitura, escrita e/ou cálculo.
                                                                                                               (SNC). Fonseca (1999)
Dislexia
  • A Dislexia é uma desordem, que se manifesta pela dificuldade de aprender a ler, apesar da instrução ser a convencional, a inteligência normal, e das oportunidades sócio-culturais serem adequadas. (Federação Mundial de Neurologia, 1968)
  • A dislexia é uma perturbação da linguagem tendo como consequência a dificuldade da aprendizagem da leitura e da escrita. (Torres e Fernandez, 2001)
Etiologia  (Causas e Origens)
Atualmente , a Comunidade cientifica associa a dislexia a três fatores que se encontram relacionados entre si:
Fatores genéticos e/ou hereditários
 - Grande percentagem de disléxicos numa mesma família.
 - Anomalias nos cromossomas 6 e 15.
Fatores Neurológicos
 - Presença de células ectópicas.
 - Tecidos do “Cortex temporal” apresentam uma simetria.
Fatores Fonológicos
- Dificuldade básica em segmentar e manipular os fonemas que constituem a linguagem.


- O seu problema reside na codificação fonológica (fonética verbal) dado que fracassam em tarefas
de soletração, leitura e escrita. O problema surge quando têm de transformar em letras ou palavras
num código verbal.
                                                                     (Torres e Fernandez, 2001)
Prevalência da Dislexia 
  • 4% das crianças em idade escolar são disléxicas. 
  • 40% dos irmãos de crianças disléxicas apresentam de uma forma mais ou menos grave a mesma perturbação. 
  • Maior prevalência no género masculino.                                            (DSM-IV)
Classificação da Dislexia
- Dislexia adquirida: Traumatismo ou lesão cerebral.
- Dislexia evolutiva ou de desenvolvimento: Por défice de maturação, ou seja, o sujeito manifesta desde o inicio da aprendizagem problemas na aquisição da leitura e da escrita,sem haver uma explicação evidente para tal.                                   (Castro e Gomes, 2000)


Tipos de Dislexia
Dislexia Auditiva ou Disfonética


-Atraso na linguagem
-Deficiências na fala.
-Erros na leitura por problemas nas correspondências grafemas-fonemas.
-Erros na escrita por problemas nas correspondências fonemas-grafemas.
-Défices na memória auditiva.


Dislexia Visual ou Diseidética


-Problemas de orientação direita-esquerda.
-Disgrafia ou fraca qualidade da letra.
-Erros de leitura que implicam aspetos visuais (por exemplo, inversões na posição da letras)
-Erros ortográficos
-Défices na memória visual


Dislexia “aléxica” ou visuoauditiva
- Combinação das duas categorias.
- Provoca uma quase total incapacidade para a leitura        (Torres e Fernandez, 2001)
Sinais de Alerta
DURANTE A INFÂNCIA:
Alterações ao nível da linguagem:
- Dislálias ou problemas articulatórios
-Omissões de fonemas
-Supressão do último fonema
-Confusões com fonemas
-Inversões
-Vocabulário e expressões pobres


Fatores associados:
- Atraso na estrutura e conhecimento do esquema corporal.
- Dificuldade para os exercícios sensório-percetivos.
- Lentidão motora, com pouca habilidade para os exercícios manuais e de grafia.
- Movimentos gráficos de base invertidos.


NA IDADE ESCOLAR:
Alterações ao nível da linguagem:
- Expressão pobre e dificuldade em aprender vocábulos novos (especialmente se são polissílabos ou foneticamente complicados). 
- Rendimento baixo na áreas linguísticas.-
Alterações ao nível da leitura:
- Confusões nas letras  morfológica e foneticamente similares .
- Omissões ou supressão de letras (principalmente no final das palavras) .
Fatores associados:
- Falta de ritmo na leitura.
- Lentidão.
- Respiração sincrónica.
- Saltos de linha ou repetição da mesma linha. 
- Leitura mecânica não compreensiva.                 (Torres e Fernadez, 2001)
Os alunos com dislexia podem apresentar uma ou mais das
seguintes características:

  • Incapacidade de aprender e recordar palavras visionadas
  • Escrita reflexo
  • Dificuldade em soletrar
  • Dificuldade em selecionar palavras adequadas para comunicar a nível oral e escrito
  • Não exibem prazer na leitura
  • Dificuldades em escrever
  • Inversão de letras ou palavras
  • Dificuldades em guardar e recuperar nomes de palavras escritas
  • Memórias visual pobre quando estão em causa símbolos linguísticos
  • Movimento errático dos olhos quando lêem
  • Dificuldades de processamento auditivo
  • Dificuldades em aplicar o que foi lido em situações sociais ou de aprendizagem
  • Pouca destreza manual                                                                (Rocha, 2004)

Avaliação da dislexia

3 comentários:

  1. Muitas vezes o pais os pensam que o seu filho é “preguiçoso” pelo fato de não aprender. É importantissimo que tecnicos,se possivel da área da medicina e neurociência expor a problemática aos pais pois muitas vezes os professores não são ouvidos. Este blog também poderá ajudar os pais.

    Professora Sabrina

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  2. Colegas, o vosso blog é uma boa ferramenta para consulta na nossa prática.

    bom trabalho
    beijocas

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  3. É importante ter em atenção que uma dificuldade específica de aprendizagem nada tem a ver com o potencial de inteligência da criança ou jovem em questão. Assim sendo, o aluno com DEA é um aluno com um potencial para a aprendizagem médio, ou acima da média, sendo este aspeto um fator de grande importância a transmitir-lhe no sentido de o ajudar a situar-se e a compreender as suas áreas fortes e necessidades educativas.

    Do grupo Ana Paula Gomes, Cristina Reis e Sónia Pereira

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